Quando o sapato começa a apertar

Quando a gente se encontra em uma determinada situação, às vezes, por mais que ouvimos trocentas pessoas falando algo contrário aquilo, acabamos ignorando por acharmos que "elas não sabem o que estão falando". Venho aqui contar um segredo que talvez ajude futuras au pairs e também outros teimosos como eu a prestarem mais atenção aos sinais que a vida dá, algumas vezes mais conhecidos como amigos.

Quando eu morava em Vermont, recém chegada da terra brasilis e me perguntando por diversas vezes "what the porra I'm doing here?" ,por desconhecer o que realmente esperar dessa nova experiência, me acomodei à rotina que me foi apresentada. Trabalhei sem schedule, passei finais de semana em casa, morei no meio do nada e sem ninguém, fiz das tripas coração pra mostrar o quanto eu era grata por, apesar de toda dificuldade, eu estar onde estava, como uma familia que me tratava bem.

Pois bem, nesse meio tempo ouvi diversas pessoas me questionando o porque de eu estar me sujeitando a tantas privações, sendo que a ideia era ter uma vida diferente da que eu levava no Brasil, ter um ano diferente na minha vida e todo aquele bla bla bla. Fato é que eu não conseguia me ver entrando em rematch e largando aquelas pequenas coisinhas pelas quais eu tinha me apaixonado e uma família que ao menos me dava o mínimo que muita au pair por ai não tem.

A questão é que, se na época eu tivesse a visão que eu tenho hoje, as coisas seriam bem diferentes. Talvez tivessem sido melhores, talvez eu acabasse dando um tiro no pé, talvez... eu teria feito tudo de novo. Mas como dizem, "existem males que vem para o bem" e se a premissa for verdadeira mesmo, estou bem melhor agora. E mesmo estando melhor, não está bom...

O segundo ano de au pair, se vc realmente não tiver um objetivo claro e bem definido do pq vc está se sujeitando a todas aquelas coisas que vc não tem mais o menor saco, como ter que conviver com uma host family, receber salário de au pair, viver numa casa/quarto que é sua/seu e não poder fazer o que vc quiser pq na verdade não é seu, ter que dar satisfações pra gente que não é nada sua, enfim, só que está no segundo ano pra saber o que to dizendo. Tá sendo difícil esse ano aqui, ficar ao menos 1 dia sem pensar no Brasil, ver as coisas acontecendo e morrer de vontade de estar lá vivenciando aquilo...

"Never regret something that once made you smile"

I got my Visa again!

Só esclarecendo, cheguei em terras franciscanas dia 20 de agosto, mas como tava sem pc(tava usando o pc da família que fica na cozinha, mas claro que não ia abrir meu blog no pc deles...), fiquei sem postar durante esse tempo. Até pensei em postar do Ipod mas sinceramente não tenho o menor saco de ficar digitando naquilo. Aí vamos nós...

10 de Agosto de 2011

Depois do sufoco com o hotel, finalmente achamos um cafofo pra dormir. Paguei a taxa no Citibank e demos uma andada no Shopping Morumbi, mas como eu estava podre de cansada depois de 16h de voo, sem dormir e talz, acabamos voltando pro hotel cedo. Dividi o peso das malas com a mala que minha mãe trouxe com ela, pois fiquei com medo de atrasar no consulado e chegar na correria pra pegar o taxi de volta pra Guarulhos. Arrumei a pastinha com documentos, tirei os eletronicos da bolsa, fui passar minha camisete pra entrevista, liguei pro meu pai pra dar um boa noite e fui dormir.

Coloquei o relógio pra despertar às 5:15am, mas como previsto, mal consegui dormir aquela noite. Tenho sérios problemas em dormir com alguém roncando do meu lado, e apesar dos cutucões, minha mãe continuava a roncar. Finalmente deu 5:15, me arrumei rapidinho, blush, brilho nos lábios, rímel e uma última chapinhada na juba. Desci, peguei o taxi, e quando cheguei já tinha pela menos umas 15 pessoas na fila. Ainda estava escuro, e como meu relógio biológico estava acostumado com o sol nascendo antes das 5 da manhã, meu corpo dizia que aquilo não era hora de estar acordada. Não estava frio, mas o ventinho da manhã em SP é meio chatinho. Não via a hora de abrirem o tal portão.

Lá pelas 6:30 finalmente abriram o portão, e começou a jornada de passar pelo detector de metais, pegar senha, tirar digitais(acho que não tirei de todos os dedos dessa vez mas não me lembro direito) e finalmente ir pra fila da entrevista. Sentou um rapaz bem legal do meu lado que estava tentando o visto de turista. Ele nunca tinha tirado visto antes, tava bem nervoso e talz. Eu estava confiante de que tudo daria certo, mas por algum motivo quando vc fica naquela fila esperando ir pro abate, milhares de dúvidas passam pela sua cabeça e parece que toda aquela segurança vai pro ralo.

Nem prestei muita atenção nos consuls pq tinha muitos guichês abertos e tava andando bem rápido a fila. O que mais demorou foi chamarem pras digitais mesmo.

Chegada a minha hora, acabei caindo no guichê de um consul bem simpático. Aí vai a conversa(ou o que lembro dela quase 1 mês depois):

C: Bom dia, tudo bem?

E: Bom dia, tudo e vc? (sorrisinho e passa o passaporte com DS e mais a carta da agência por debaixo do vidro)

C: Tudo bem. Qual o motivo da viagem?

E: Au pair

C:(olha o passaporte) Vc está renovando?

E: Sim

C: (Pergunta algo que eu entendi como se fosse quanto tempo que eu fiquei nos EUA)

E: 1 ano

C: Não, quantos anos vc tem? (risos)

E: Ah, desculpa! Tenho 23.

C: You speak English, right?

E: Yes

C: Hmm Vermont... it's quite cool there, right?(enquanto lê a carta da agência)

E: Yes, a lot in winter.

C: How do you like there?

E: Oh, it's beautiful there... very green...(oi, resposta nada a ver haha)

C: (assinando o DS) Do you have a degree?

E: Yes

C: What do you pretend to do when you return?

E: Master(foi a única coisa que veio em mente)

C: What area?

E: Hmm... I'm thinking about enviromental management

C: Like Engineer(alguma coisa que eu não lembro)?

E: Yes!(mentira, eu só queria ir embora pq já tinha visto que ele já tinha assinado o DS)

C: That's interesting! Well, your visa was approved, have a nice day

E: Thank you! You too.

C: Falou qualquer coisa que eu não ouvi pq já sai andando hsauhasuhuashasu

Agora que escrevi pareceu meio grande, mas eu senti que foi bem curtinha. Ele não pediu documento nenhum, nem perguntou da minha família e talz. O consul tava bem humorado e parecia que queria bater um papo haha. Saí, paguei o Sedex filiiiiiz da vida(pohan 46 reais) e voltei pro hotel. E como cheguei antes das 10 da manhã ainda deu tempo de pegar o café da manhã. Comi, subimos pra pegar as malas e fomos simbora pra Guarulhos pegar o Voo das 13:30 em direção à minha amada Cidade Morena.

O resto fica pra um próximo post pq minha mão tá doendo já. Caí da escada hoje, to toda dolorida. To aqui sentada no sofá da cozinha esperando os hosts chegarem pra finalmente ir tomar meu banho e ficar off. Já que enfiaram o pé na minha balada, o jeito é ir domir mesmo ;P